segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Pulsos

Ultimamente tenho sentido uma vontade de voltar a cortar os pulsos... Não sei o que se passa comigo agora  ! A minha cabeça anda a mil e o meu coração anda doido. Olho para os meus pulsos e os flashbacks começam. Lembro-me da primeira vez que me cortei. Foi na casa da minha avó. Estava sentada no chão da cozinha a olhar para a faca afiada a reluzir. Engoli em seco e respirei fundo três vezes. Estava a tentar ganhar coragem de o fazer. Achava-me uma cobarde qe nem me cortar conseguia. Olhei de novo para a faca e aproximei a minha mão dela e elevei-a. Tudo estava mal. Tudo. A minha vida estava uma merda , a minha mãe estava a piorar cada dia que passava e o Red andava a ignorar-me. Toda a gente me fazia pressão. Parecia o colapsar das coisas em cima de mim, não me conseguia aguentar... E foi ai... Peguei na faca e espetei-a no pulso. Sangue vermelho começava a jorrar e a caírem pingas no chão. Ping. Cravei com mais força a faca e senti uma dor enorme. A minha mente agora só pensava na dor. Nos guinchos internos esbarrados na minha cabeça. Tudo estava um alvoroço. O meu coração batia mais forte e a minha visão estava repleta de vermelho-vivo e não conseguia ver mais nada. A luz da cozinha tornava-se ainda mais brilhante e fez-me chorar. Lágrimas gordas e cintilantes deslizavam pela minha cara e escorriam pelo meu peito deixando um rasto. Atirei a faca para longe e deixei-me contorcer no chão, rodeada de sangue. Soluçava e ardia de dor. Nada de comparou àquela dor. Sentia os meus ossos a vacilar, a tremer. Pareciam partir-se. Pus a minha outra mão por cima do profundo corte e chorei ainda mais. Sim, agora sim. Aquilo era dor. A dor verdadeira. 

Ainda olho para o meu pulso esquerdo e vejo a cicatriz. 



« foi a gata. »
« foi a jogar volei, qe me magoei »
« não faço a mínima »
« cai no quarto»
« tropecei ! que totó »
« não ligues, não é nada »

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